Porque você faria algo que usará por alguns minutos de um material que basicamente vai durar pra sempre? - Jeb Berrier, Bag It.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Dia 31: Primeira parcial

Último dia de desafio e, como prometido, o registro do plástico descartável utilizado. Tem mais do que eu estava contabilizando, porque também inclui itens que havia comprado no mês passado, mas que foram consumidos ao longo deste mês.

A lista:
5 sacolas plásticas;
2 sacos de mandioca congelada;
2 sacos de pães de forma;
2 embalagens de queijo;
2 garfos;

1 saco de gelo;
1 saco de cebola;
1 embalagem de salame;
1 caixa de tomates cereja;
1 canudinho;
1 bolinha da Guinness;
1 saco de papel higiênico;
1 embalagem de sabonete;
1 embalagem de fone de ouvido;
1 caixa de leite;
1 embalagem de DVD;
1 pedaço de filme plástico daqueles que embalam comida;
4 outros saquinhos que não me lembro da onde saíram;



Além desta lista, ainda tenho duas garrafas plásticas, um pote de café, outro canudinho, uma carga de caneta e uma caixinha de goma de mascar, do dia em que limpei minha mesa lá na universidade e dois copos de refri dos dois primeiros dias, quando fui enganado ao acreditar que o copo era de papel.

Também perdi um pouco menos de 2,5 kg, que acredito estarem relacionados ao boicote à comida chinesa e demais tele-entregas, que abusam demais dos plásticos. A vida sem plástico é muito mais saudável.

Como disse ontem, devo continuar o desafio em agosto para ver se consigo reduzir mais o consumo de plásticos. Acredito que posso eliminar completamente os copos, canudinhos, sacolas e as outras embalagens de comida. Ainda tenho alguns items guardados que ainda não foram completamente consumidos (xampú, pasta de dente, desodorante, detergente líquido para lavar roupas e alguns outros items de comida).

O desafio acabou mudando alguns costumes. Parei de tomar leite, já que aqui é impossível comprar leite em garrafa de vidro. Como muito menos carne, já que o super aqui perto de casa não aceita colocar a carne em outra coisa que não seja uma bandeja de isopor enrolada em um filme plástico. Não compro mais pão de forma e nem queijo, que aqui todos são embalados em plástico. Não tomo mais refri, Guinness em lata e não masco mais chiclete. Agora tenho meus saquinhos de pano para ir às compras e carrego sempre minha própria caneca de café, minha garrafa reutilizável de água e um par de talheres. Acho que com um pouco de esforço, é possível passar um mês inteiro sem nenhum plástico, mas a transição demora um pouco.

Por fim, gostaria de agradecer todos os amigos que acompanharam este relato. Espero que esta experiência tenha despertado a atenção de vocês para este problema sério e para outros que o acompanham de perto, como a produção industrial de comida, o consumo exagerado e a nossa falta de responsabilidade sobre o lixo que geramos. Quando decidi começar o blog, tomei a decisão para que houvesse um certo comprometimento maior com o desafio, incentivado pelo compromisso de contar um pouco disso tudo para vocês. No próximo mês os posts não serão tão frequentes, mas prometo azucrinar o feed de todos lá no facebook. Valeu!

terça-feira, 30 de julho de 2013

Dia 30: É amanhã!

Plásticos descartáveis utilizados: 19
Sacolas plásticas recusadas: 16

Na véspera do fim deste desafio, consumi mais um plástico descartável. Tive que comprar um videogame (Demon's Souls, pra quem é da área) e, claro, o jogo veio embaladinho naquele plástico fininho, característico de CDs e DVDs.


Outro dia reclamei dos eletrônicos e pensei no que fazer com eles quando param de funcionar. Disse que comprei um fone de ouvido porque o antigo morreu. E eis que o novo vem com um etiquetinha de plástico com o desenho do que eu imagino ser uma lixeira. Então não posso jogar o fone no lixo? 

A empresa fabricante do fone está demais! Quer dizer que eles fabricam um troço que tem uma vida útil curtíssima, e pedem para que eu não descarte o produto. Assumir alguma responsabilidade ela não quer. Acho que é possível viver sem esses fones de ouvido também. Este foi o último que eu comprei.

Amanhã, dia do juízo final, postarei as fotos do meu plástico consumido durante o mês. Já adianto que não foi pouco, mas acho que foi bem menos que o de costume. Decidi que esticarei este esforço por mais um mês (por enquanto), para ver ser consigo reduzir ainda mais, agora que tenho um parâmetro para comparação. O mês promete ser complicado, porque nos últimos 30 dias não precisei comprar xampú ou pasta de dente. Os dois estão acabando. Vamos ver no que vai dar...

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Dia 29: A dois passos

Plásticos descartáveis utilizados: 18
Sacolas plásticas recusadas: 16

Faltam apenas dois dias para o término deste desafio e já recebi algumas mensagens para continuar com o blog e com o esforço. O esforço deve continuar, mas manter um blog diário é difícil. Talvez eu continue com posts semanais. Ainda estou indeciso. Os textos são curtos, mas demandam alguma pesquisa e isso leva tempo, principalmente se o objetivo é escrever alguma coisa que interesse. De vez em quando falta inspiração; parece que não há mais o que dizer. Outras vezes eu esqueço completamente.




Hoje, por exemplo, fiquei pensando sobre o assunto do post enquanto meu computador rodava um programinha pra filtrar séries temporais e para calcular uns níveis de significância utilizando testes conhecidos como simulações de Monte Carlo. Enfim, uma chatice.

O lado positivo é que tive bastante tempo pra procurar notícias na internet e aí apareceu uma polêmica sobre leis que tentavam proibir a distribuição de sacolas plásticas por supermercados do Estado de São Paulo. Na época, muita gente reclamou, utilizando os mais variados argumentos.

Talvez o mais curioso argumento utilizado foi o de que a população "reutiliza" as sacolas plásticas para ensacar o lixo que será recolhido pelo caminhão e que a proibição criaria até um problema sanitário, porque as pessoas passariam a depositar o lixo de maneira inadequada nas lixeiras. Alguns ainda completaram o argumento dizendo que o ideal seria obrigar a utilização de sacolas feitas de material biodegradável. Acho essa linha de argumentação improcedente, já que a sacola plástica poderia ser substituída por sacos de papel, que poderiam ser igualmente utilizados para o lixo. Entretanto, o plástico é preferido porque não precisamos prestar atenção no que jogamos "fora". É pura conveniência. 

Outro argumento comum é de que a proibição da distribuição de sacolas plásticas contraria o direito do consumidor de receber as sacolas e o dever do comerciante em oferece-las. Dizem que o consumidor paga por elas, uma vez que o preço está embutido no que é pago e que o comerciante é obrigado pelo Código de Defesa do Consumidor a fornecer a maldita. Além disso, parece que existe um direito dos comerciantes em distribuir as sacolas plásticas. Apesar de não ser especialista em direito de qualquer tipo, acho o fim da picada utilizar estes argumentos contra a proibição. A única razão por trás de todo este lalala jurídico é o vício por plástico e o preço imbatível da sacola plástica.




Por fim, o último argumento utilizado foi o de que não há comprovação científica de que as sacolas plásticas causam dano ao meio ambiente. Novamente, é preciso mais que ciência para que algo sirva como comprovação científica nas cortes brasileiras.

Amigos, todos os nossos direitos de utilizar sacolas plásticas causam mais prejuízos que vantagens. Temos a impressão que não, apenas porque ainda não precisamos pagar diretamente o preço do impacto do plástico no ambiente e nas nossas vidas. Por exemplo, o consumo excessivo de materiais não biodegradáveis diminui a vida útil de aterros sanitários. Gastos deste tipo não são contabilizados, mas existem e se fossem incorporados no preço da sacola plástica, talvez não haveria tanta vantagem em utiliza-las de maneira tão displicente. Muitas vezes, o que é legal (permitido ou garantido por lei) não é sinônimo do que é correto ou mesmo melhor.

domingo, 28 de julho de 2013

Dias 27 e 28: Lixo brasileiro

Plásticos descartáveis utilizados: 18
Sacolas plásticas recusadas: 16

Nos últimos dias, toda a mídia brasileira fez festa em torno da visita do papa. Até o lixo foi assunto. A prefeitura do Rio destacou que a Jornada Mundial da Juventude gerou apenas um sexto do lixo que é geralmente recolhido na festa de ano novo da cidade. Entretanto, o senhor Eduardo Paes não mencionou o destino do lixo ou se houve coleta seletiva. Aliás, qualquer cooperativa de catadores de materiais recicláveis pode informar que a coleta seletiva carioca é um fracasso. Serve apenas para livrar a consciência de quem nada quer fazer para amenizar a situação.


O lixo brasileiro até tem política pública. No entanto, tudo vai muito devagar. Mais da metade dos municípios brasileiro ainda sofre com destino inadequado de resíduos sólidos. E olha que essa informação vem do governo federal. Como todos sabemos, tal número deve ser ainda maior. Parece que há bastante coleta seletiva nas regiões sul e sudeste, mas, novamente, como qualquer cooperativa de catadores de materiais recicláveis pode lhe informar, coleta seletiva não é sinônimo de reciclagem ou reaproveitamento. Muitas vezes, como no Rio de Janeiro, grande parte da coleta seletiva tem o mesmo destino do resto do lixo, seja ele aterro sanitário ou lixão.

O Brasil, pelo que eu saiba, também não tem nenhuma política eficaz de responsabilidade pós-consumo, na qual as empresas que decidem o lixo que será produzido também arcam com uma parcela das despesas com os descartes. Enfim, o Brasil está atrasado, só para variar. 

Ainda bem que temos futebol.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Dias 24, 25 e 26: Dois desafios

Plásticos descartáveis utilizados: 18
Sacolas plásticas recusadas: 16

Sabe quando o nosso time está perdendo de goleada e todo mundo começa a pensar "perdido por, perdido por 10" ou "o que é um peido pra quem está c@g@do"? Esse é o sentimento neste fim de mês.

Ontem fui almoçar aqui perto da universidade. Não prestei atenção, pedi um chá gelado sem açúcar, e a garçonete trouxe o copo cheio já com o canudinho. Não tive escolha e tive que guardar o canudinho pra guardar na minha coleção de plásticos do mês de julho.



O segundo desafio mencionado no título do post é o de manter um blog diário. No começo foi fácil, mas depois da festa de aniversário do dia 20 e da ressaca do dia 21, ficou mais difícil. Até me lembra de outro ditado "porteira em que passa boi, passa boiada". Foi só deixar de escrever no fim de semana e o troço degringolou.



Hoje, há muitos lugares para encher de lixo e, dependendo de onde nós moramos, não vai ter muito plástico jogado pelas ruas (a não ser que seja no Brasil). Mas diferente da música do Pink Floyd, muita gente está tentando avisar que já é hora de correr para diminuir a quantidade de plástico que descartamos todos os dias. 

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Dia 23: Malditos eletrônicos

Plásticos descartáveis utilizados: 17 
Sacolas plásticas recusadas: 16



Amigos, nada pior que comprar um eletrônico e ter que abrir a embalagem de plástico. 

Desde o início de junho, trabalho algumas horas por semana na previsão de furacões do Atlântico Norte. Sempre que estou escalado, tenho reuniões pela manhã para discutir as previsões numéricas, estabelecer as probabilidades de ocorrência de uma tempestade tropical e escrever um pequeno texto que é enviado por e-mail para as pessoas interessadas. Como a reunião é realizada pelo Skype e eu normalmente estou na minha sala, utilizo fones de ouvido para minimizar o impacto das conversas sobre os dois colegas com quem compartilho minha sala.

Acontece que meu fone de ouvido antigo morreu e fui comprar outro. Aí me deparei com a embalagem indestrutível. Mas pior que a embalagem, é o fone de ouvido antigo. Virou lixo e já tive que contabiliza-lo. Lembrei de quando meu desktop faleceu e no que fazer com os eletrônicos quase descartáveis que as empresas nos vendem. Tenho até uma televisão LCD de 50 polegadas na sala de casa que parou de funcionar. Aceitei a dica da Learning Fundamentals ("Google is your friend") e procurei uma alternativa ao caminhão de lixo. Achei uma tal de Recycletronics. Veremos o que eles podem fazer por nós...

terça-feira, 23 de julho de 2013

Dia 22: Congressos e conferências

Plásticos descartáveis utilizados: 15 
Sacolas plásticas recusadas: 15

Se você é professor ou estudante de oceanografia ou qualquer ciência geofísica, deve saber que dia 6 de agosto é o último dia para submissão de resumos de trabalhos para a reunião anual da American Geophysical Union (AGU Fall Meeting). A Fall Meeting é uma conferência monstro realizada em dezembro, todos os anos, em San Franciso (EUA). Os números são assustadores. Em 2012, foram mais de 24.000 participantes com ceraca de 15.000 posteres e 7.000 apresentações orais. A foto abaixo é mostra apenas parte do salão onde ocorre a apresentação de posteres. 



Lembro que estive lá em 2011 e passei por um poster que estimou as emissões de gás carbônico da conferência do ano anterior. A conclusão, considerada conservadora pelos autores, foi de que o total de CO2 emitido pelos participantes em 2010 foi de 19.000 toneladas of CO2. Os autores forneceram dados para comparação sugerindo que a emissão é equivalente ao total anual de CO2 emitido por pequenas nações insulares do Pacífico. A maior parte das emissões foi causadas pelas viagens de avião dos participantes.

O problema já é notório e foi já é motivo de debate entre cientistas, inclusive na revista Science. Entre as dicas para reduzir as emissões dessas conferências estão, entre outras: evitá-las sempre que puder, escolher um hotel perto do centro de convenções para poder caminhar e, claro, evitar os plásticos descartáveis (talheres, copos e sacolas). Normalmente, a AGU tem dois coffee breaks, um de manhã e outro a tarde. Imagine a quantidade de lixo gerado todos os dias!

Meu chefe ainda não sabe, mas eu não quero ir pra lá esse ano... 

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Dias 20 e 21: Ressaca brava (quase) sem plástico

Plásticos descartáveis utilizados: 15 Sacolas plásticas recusadas: 15

Amigos, no sábado rolou uma festinha para celebrar meus 34 anos. Infelizmente, o números de plásticos descartáveis utilizados bombou. Primeiro, porque comprei uma costela. Até seria legal falar que usei meu próprio recipiente reutilizável, mas aqui as carnes vêm embaladas em plásticos. E deixar o plástico no mercado pra levar só a carne não me parece justo. Na hora de comprar o álcool, também rolaram uns plásticos. Eu tinha uma sacola, mas não coube tudo e aqui na Georgia não se pode comprar álcool e levar pro carro sem estar escondido. Alguns lugares fornecem sacos de papel, mas a minha sorte foi ter comprado tudo em uma que só tinha plástico. Não perguntei antes, me lasquei! Entre outras coisas, também rolaram uns sacos de batatinhas e umas garrafas de refri, que eu não comprei e nem consumi. Ah, e tive que comprar gelo, que só é vendido em plástico. Deu pra perceber que quanto maior a magnitude do evento, mais difícil é evitar esses descartáveis.


O lado positivo foi a quantidade de copos e talheres de plástico que conseguimos evitar. Na hora do bolo, faltaram pratos, mas a pia funcionou razoavelmente. Outro lance legal foi que compramos um pouco de cerveja em garrafões que podem ser reutilizados para compra mais cerveja! Na primeira vez, paga-se US$4.00 por cada garrafão e mais o preço da cerveja. São vários tipos diferentes. Depois, é só lavar a garrafa e voltar à loja para encher a garrafa de novo. O preço é normal e sempre rola uns tipos de cerveja diferentes, inclusive de cervejeiros locais. Vale muito a pena!

No domingão, durante  a limpeza e ressacado, a maior parte do lixo foi lata ou garrafa de vidro. Mesmo que o consumo de plástico tenha subido mais que pipa em morro carioca em processo de pacificação, acho que se não fosse esse desafio, aquantidade de lixo seria muito maior.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

34 anos de vida, 19 dias contra o plástico

Amigos, hoje fui às compras para a minha festa de aniversário. Disse pros convidados que é uma festa livre de plástico, mas já utilizei alguns plásticos hoje. Estava despreparado e desconcentrado. E contra o plástico, se você não estiver atento o tempo todo, o nocaute é certo. Amanhã tenho mais compras para fazer, mas já estou melhor preparado!



A Amazon me deu US$10.00 de crédito de presente de aniversário. Afinal, gasto muito dinheiro no site deles. O problema é que a quantidade de plástico que eles mandam é impressionante. Comprei um conjunto de sacolas reutilizáveis igual ao da foto. Nada que quebre, mas cheio daqueles saquinhos de plástico inflados.

No domingo, depois da ressaca, farei uma avaliação minuciosa de todo o plástico descartável utilizado e o que poderia ser evitado. Espero que seja menos do que eu imagino...


Por fim, deixo essa imagem aí de uma campanha contra as sacolas de plástico em NYC: "Quando você vê mais sacolas plásticas que pássaros nos galhos de muitas árvores da cidade, a urgência do problema é clara".

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Dia 18: Será que a coleta seletiva funciona na sua cidade?

Plásticos descartáveis utilizados: 6
Sacolas plásticas recusadas: 11


Em um post anterior, mencionei o filme Waste Land (em português, Lixo Extraordinário), em que o artista plástico Vik Muniz desenvolveu um trabalho com alguns catadores de materiais recicláveis do antigo aterro do Jardim Gramacho, em Duque de Caxias (RJ). O aterro foi fechado no dia 3 de junho de 2012, depois de 35 anos recebendo lixo de Duque de Caxias e do município do Rio de Janeiro. A desativação do lixão já era prevista desde 2004, quando o terreno apresentou sinais de saturação e de instabilidade devido à enorme quantidade de lixo depositado no local diariamente (7 mil toneladas por dia).

O índice de reciclagem do Estado do Rio de Janeiro era extremamente dependente da atuação das cooperativas de catadores que atuavam em Gramacho. A Associação dos Catadores do Aterro Metropolitano do Jardim Gramacho (ACAMJG) estima que esse índice girava entre 3% e 5% de todo o lixo despejado por lá antes do fechamento. Depois do fechamento e com o estabelecimento da coleta seletiva, a ACAMJG chama a atenção para outro problema: o índice tem diminuído. Mesmo com grande investimento público na coleta seletiva, muito do material reciclável coletado ainda termina em outro aterro por falta de estrutura, de acordo com as associações de catadores.

Sinceramente, não sei o quão específico é esse problema do Rio de Janeiro e aí está o problema. É um alívio muito grande quando separamos nosso lixo e colocamos todo o material reciclável nos recipientes que serão levados pela coleta seletiva. Sentimo-nos menos culpados. Mas muitas vezes, ele acaba no aterro e não é reciclado. Para piorar a situação, isso forma a idéia de que não adianta nada separar o lixo.

Você sabe se a coleta seletiva realmente funciona na sua cidade?

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Dia 17: A responsabilidade sobre o lixo

Plásticos descartáveis utilizados: 6
Sacolas plásticas recusadas: 11

No último post, mostrei dados de uma ONG chamada Ocean Conservancy, indicando quais os itens que lideram a poluição das praias amostradas pelos eventos de coleta de lixo promovidos por eles. Entretanto, parece que há dúvidas quanto à integridade da ONG, uma vez que eles recebem muito dinheiro da Coca-Cola e seriam apenas um instrumento de propaganda corporativa.




Na Austrália, a Coca-Cola está envolvida em uma disputa sobre uma política de incentivo à reciclagem das garrafas plásticas conhecida como Container Deposit Scheme (CDS). No CDS, o consumidor paga alguns centavos a mais no momento da compra do produto e pode recuperar os mesmos centavos na hora do descarte, se o fizer corretamente. A iniciativa foi implementada em algumas regiões da Austrália e funcionou muito bem, já que sempre tem alguém que irá recolher as garrafas pelo dinheiro, elevando o índice de reciclagem. Mas uma ação judicial da Coca-Cola barrou o programa porque adiciona custos ao processo de produção dos dispensáveis produtos fabricados pela Coca.




O CDS e outros tipos de incentivo para o descarte de produtos e embalagens de produtos industrilizados fazem parte de um conceito de políticas públicas conhecido como Responsabilidade Estendida do Fabricante ou Responsabilidade Pós-Consumo. Dentro deste conceito, os fabricantes têm uma parcela de responsabilidade sobre os produtos que colocam no mercado até o fim do ciclo de produção e consumo. Atualmente, essa responsabilidade é dos municípios, que administram os sistemas de coleta de lixo e os aterros sanitários. Entretanto, cresce a idéia de que os fabricantes devem assumir parte dessa responsabilidade, uma vez que são eles que decidem a composição de seus produtos e, consequentemente, a composição do lixo que geramos.

A Coca sabe que suas garrafas de plásticos são um dos lixos mais numerosos nas praias e nos oceanos, justamente porque financia iniciativas como a Ocean Conservancy, mas não quer assumir qualquer responsabilidade sobre a cadeia de produção e consumo que ela mesmo projetou. A Business Insider diz que dos 3,1% de todas as bebidas consumidas no mundo (sem contar água) são produtos Coca-Cola e que, em média, uma pessoa bebe um produto Coca-Cola a cada 4 dias. 

Apesar dos fabricantes planejarem todo o esquema de produção e consumo, a responsabilidade sobre o descarte não é só das empresas. Todos temos a alternativa de não consumir ou de consumir e garantir a reutilização e a reciclagem. Eu parei de tomar leite e refri e não tenho saudades.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Dia 16: Mudança de hábito

Plásticos descartáveis utilizados: 6
Sacolas plásticas recusadas: 11

Poucas novidades na resistência ao consumo de plásticos. Apesar de ser bastante difícil evitar 100% dos plásticos em um mês, a redução do consumo de descartáveis é considerável. Normalmente, todos saímos de casa com uma bolsa ou mochila e é fácil carregar alguns items que são indispensáveis nessa batalha. Uma lista simples inclui uma garrafa de água reutilizável, um garfo, uma faca, uma colher, uma caneca, uma sacola reutilizável para compras e um pote com tampa (que pode até ser de plástico). Com estes items sempre à mão, fica muito fácil diminuir o consumo de items desnecessários. 


Por curiosidade, fui buscar a imagem acima no site da Ocean Conservacy, uma ONG que luta pela saúde dos oceanos em todas as frentes. Uma delas, claro, é contra a poluição das praias e águas por lixo (quase escrevi "lixo humano", mas acho que lixo é inerentemente humano e a expressão é redundante). A Ocean Conservancy promove um evento anual chamado International Coastal Clean Up, em que voluntários saem às praias para coletar nosso lixo e mantem um banco de dados com tudo o que os voluntários encontram durante o evento. Quase tudo é de plástico.

No início, achei que o número 1 seria alguma coisa de plástico, mas o cigarro dominou. Acredito que isso seja normal. Não entendo a razão, mas a maioria dos fumantes não vê a bituca do cigarro como lixo. O americano que mora aqui comigo fuma e as bitucas de cigarro estão espalhadas por toda a volta da casa, da calçada ao quintal. Eu já fumei muito cigarro e devo ter jogado muita bituca na rua. No fim da minha vida de fumante, comecei a carregar cinzeiros portáteis, mesmo sabendo que o filtro de cigarro é de celulose e blá-blá-blá. É lixo e polui, não importa se vai apodrecer um dia ou não. 

De todos os outros items de plástico, os únicos que são difíceis de evitar são as embalagens de comida. Não é surpresa, então, que ocupem o segundo lugar do ranking de lixo praial da ONG. É impossível evitar 100% destes plásticos sem fazer sacrifícios e mudar nossos hábitos. Entretanto, TODOS os outros itens da lista podem ser facilmente evitados. Ninguém precisa comprar nada em garrafa de plástico com suas malditas tampinhas. Ninguém precisa usar sacola de plástico. Ninguém precisa usar talheres de plástico e muito menos canudinho.

Se você não fuma e se esforçar só um pouquinho pra não utilizar esses items, já estará colaborando imensamente para a redução da poluição dos plásticos nos oceanos. Nesta caso, vale a máxima: se você não é parte da solução, então é parte do problema.

Dia 15: Dieta forçada

Plásticos descartáveis utilizados: 6
Sacolas plásticas recusadas: 11


Nenhuma novidade no front hoje. Depois do último post sobre o churrasco e os animais, meu almoçou foi vegetariano. Na janta, não resisti e comi peixe. Será que ingeri muitos poluentes orgânicos persistentes?

Pelo jeito, a tentativa de reduzir meu consumo de plástico acabará com meus sonhos de tornar-me lutador profissional de sumô. Suspeito que estou perdendo peso. Não muito. Como estou cansado depois de colaborar com a vitória do meu time na liga do Piedmont Park (ganhamos por 5 a 4, mas estávamos perdendo até os acréscomos!), deixo a dica de um filme lembrado pelo amigo Huguinho (a.k.a. Vitinho). Prometo que amanhã trarei um post mais caprichado.


domingo, 14 de julho de 2013

Dia 14: Churrasco e os animais

Plásticos descartáveis utilizados: 6
Sacolas plásticas recusadas: 11

Hoje comprei uma costelinha de porco no super, devidamente embalada naquele filme plástico bem descartável. Justamente depois de ter uma conversa com amigos no Facebook sobre a insustentabilidade de alguns hábitos. Depois pensei no meu aniversário, semana que vem, e no churrasquinho programado. Sabe aquela pulga do primeiro post do blog? A picada anda coçando bastante. Tá virando ferida.



Acho que a maioria dos leitores me conhece bem. Sabem que eu gosto muito de churrasco. O problema é que ando perturbado pela maneira como o produzimos as costelas e as picanhas. Certa vez, quando ainda era bem jovem, fui com um primo a uma fazenda. O objetivo era matar e carnear um porco. O peão da fazenda já tinha tudo preparado. Até uma fogueira estava acessa, com um tacho de arado esquentando pra receber o torresmo. Foi difícil agarrar o porco e, quando conseguiram, o animal urrava e cagava. Acho que qualquer animal sabe o que vai acontecer em momentos como esse. Não vi a cena do peão apunhalando o porco. Quando vi, o torresmo já estava pronto e eu estava comendo.

Aquela foi a minha única experiência real com a base do sistema de produção de alimentos. Nunca mais esqueci, mas é como um trauma que a gente quer esquecer, negar. Anos depois, já adulto, lembro de dirigir em uma estrada atrás de um caminhão que transportava porcos. O cheiro não era agradável e eu queria ultrapassar logo o caminhão. Quando consegui, notei que um deles já estava morto. mesmo assim, não deixei de comer carne. Aliás, já comi muito porco depois dessas duas experiências.

Mas é outra experiência, essa de tentar diminuir o consumo de plásticos descartáveis, que realmente me sensibiliza. A reflexão sobre o meu consumo diário de plástico acaba refletindo no meu consumo geral. Sempre que penso em comprar alguma coisa, penso, sem querer, se realmente preciso consumi-la. A conclusão, na grande maioria das vezes, é de que quase tudo é desnecessário. Talvez seja a culpa por ter comprado a costelinha embrulhada em plástico hoje, mas o fim de semana terminou meio melancólico.

O leitor não acha estranho que eu fale de tartarugas e baleias, mas mate frangos, porcos e vacas quase todos os dias?

Dia 13: Produção de alimentos industrial

Plásticos descartáveis utilizados: 5
Sacolas plásticas recusadas: 10

Post atrasado... Fim de semana é mais difícil manter o blog em dia já que não há trabalho para ser enrolado. Além disso, passamos a jogar bola no sábado de manhã e a minha excelente forma física me deixa cansado o resto do dia inteiro.



O número de sacolas plásticas recusadas sobe cada vez que vou às compras. E ontem dei conta que não posso mais, entre outras coisas, comprar leite. Aqui nos EUA, nunca vi leite em garrafas de vidro e existe um grande debate sobre a comercialização de leite in natura. Enquanto alguns consumidores fazem campanha pelo leite in natura argumentando que há benefícios saudáveis e que as pessoas têm direito de escolher o que querem consumir, o governo e a indústria alimentícia contra-argumentam dizendo que há riscos muito grandes para a saúde. Enquanto isso, é normal embalar tudo em plástico.

Existe um filme chamado Farmaggedom que conta um pouco deste debate e como as autoridades tratam pequenos fazendeiros que tentam comercializar seus produtos independentemente da indústria alimentícia. Lembre-se que é este setor industrial que torna a vida das pessoas que querem reduzir o consumo de plástico descartável um inferno.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Dia 12: A inexistência dos peixes orgânicos

Plásticos descartáveis utilizados: 5
Sacolas plásticas recusadas: 7

É, hoje comprei um suco em garrafa de vidro com tampo da metal. Mas a tampa tinha um plástico. É muito difícil encontrar uma bebida livre de plástico.

Hoje também vi um vídeo com uma TED talk proferida pelo oceanógrafo e capitão Charles Moore e o cara falou muito sobre as tampinhas.


O capitão Moore velejava de Honolulu à Califórnia, depois de participar da regata Transpac de 1997 quando cruzou a enorme mancha de lixo do Pacífico Norte. Atualmente, Moore comanda o Algalita Marine Research Institute em Long Beach, uma entidade que trabalha por um mundo livre de plásticos e serve de consultor do 5gyres.org, um site com muita informação sobre o assunto.

Na palestra, ele conta que muito do plástico concentrado nos grandes giros oceânicos são tampas de garrafas de plástico.

Se você não quiser assistir a palestra, destaco alguns dos melhores momentos:
"Somente nós, humanos, produzimos lixo que a natureza não digere".
"Plásticos não são fáceis de reciclar".
"Uma parcela enorme do nosso lixo vai escoar pelos rios e chegar aos oceanos".
"Centenas de milhares de albatrozes estão morrendo por ingerirem tampas de garrafas de plástico".

E a melhor: "Você pode comprar vegetais orgânicos certificados, mas nenhum peixeiro no mundo pode vender peixe orgânico certificado capturado em ambiente natural".

Não compro mais garrafas plásticas descartáveis.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Dia 11: Onde é "fora"?

Plásticos descartáveis utilizados: 4
Sacolas plásticas recusadas: 7

Hoje levei minha sacola da AMS pro supermercado de novo. Comprei quase as mesmas coisas e computei mais 3 sacolas plásticas recusadas. Quantas sacolas recusadas salvam uma tartaruga? Brincadeira...



Outro dia, depois que comecei com este desafio, deparei-me com um filme chamado "Waste Land" no Netflix. O filme mostra o artista plástico brasileiro Vik Muniz durante a produção de algumas de suas obras utilizando lixo, com a participação de catadores de materiais recicláveis descartados no antigo lixão do Jardim Gramacho, Rio de Janeiro. Se você ainda não viu, vale muito a pena.

Além das grandes figuras retratadas no filme, o documentário também chama a atenção para o destino final do nosso lixo. O lugar que, em português, chamamos de "fora" quando dizemos que vamos descartar algo: "Vou jogar o lixo fora". Em inglês, a expressão é a mesma: "throw away".

Pois é, jogar alguma coisa fora não existe. Tudo que deixamos na lixeira para o caminhão levar embora vai para um lugar horrível, fedido, cheio de carniça, ratos, abutres e algumas pessoas. Obviamente, todas as pessoas ali são pobres e foram trabalhar naquele inferno por não ter outra oportunidade. O cenário é muito deprimente e foi criado por cada um de nós, para a nossa conveniência.

Imagine como seria a nossa casa se, ao invés de pagarmos alguém pra sumir com a nossa desgraça, tivéssemos a obrigação de assumir a responsabilidade sobre tudo que compramos para sempre. Será que compraríamos tanto plástico descartável? Se você acha que diminuir o consumo de plástico descartável é difícil, imagine uma pessoa que assumiu o compromisso de não descartar nada por 1 ano! Sim, essa pessoa existe e também tem um blog.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Dia 10: A vingança da natureza


Plásticos descartáveis utilizados: 4
Sacolas plásticas recusadas: 4


Foto: T. Mincer/G. Proskurowski

Os amantes do mundo náutico devem lembrar do livro de Sir Robin Knox-Johnston que relata a solitária e inédita viagem de volta ao mundo sem paradas do autor durante a Sunday Times Golden Globe Race de 1968. Sir Knox-Johnston zarpou da cidade inglesa de Falmouth em 14 de junho de 1968 à bordo do veleiro Suhaili e retornou 312 dias depois. O livro recebeu o título de "Um Mundo Só Meu" (A World of My Own).

Lembrei do livro depois de ler uma notícia no site da revista Nature sobre bactérias que digerem plástico nos oceanos. A foto, retirada do website da matéria, mostra as bactérias instaladas em uma sacola plástica coletada em um dos nossos lixões de alto mar. Bactérias que digerem plástico são encontradas em aterros sanitários, mas parece que o registro desses vibriões digerindo plástico nos oceanos é recente. 

O leitor deve estar pensando o que as bactérias que digerem plástico têm a ver com um livro sobre aventuras náuticas. É que uma das pesquisadoras disse que existem outros organismos vivendo no plástico marinho, chamando a atenção para "um pequeno mundo que nós criamos": a platisfera. A frase remeteu-me ao "mundo" flutuante de Sir Knox-Johnston. Se uma pessoa consegue se sentir tão à vontade boiando sobre a água salgada, as bactérias não seriam exceção. Pior que ele (ou melhor) foi outro competidor da mesma regata, um francês chamado Bernard Moitessier, que desistiu da corrida para continuar navegando ao redor do mundo uma segunda vez.

O único problema é que os pesquisadores ainda não sabem se essa degradação dos plásticos por bactérias tem apenas aspectos positivos. É possível que as bactérias estejam introduzindo uma série de contaminantes presentes nos plásticos na cadeia trófica. Alguns desses contaminantes são acumulados ao longo das cadeias de maneira similar ao que acontece com os metais pesados e aquele plástico descartável que jogamos "fora" pode voltar a nos assombrar.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Dia 9: Imagens das profundezas

Plásticos descartáveis utilizados: 4
Sacolas plásticas recusadas: 4

Ajudei um amigo a recusar uma sacola plástica hoje quando ele decidiu comprar uma caneca reutilizável para tomar seus cafés. Acho que essa caneca evitará o uso de vários copos e tampas de plástico!

Também estabeleci uma regra com as meninas do The Walking Boobies: contribuirei com US$1,00  por dia até o prazo final MAS elas perdem US$0,50 por cada peça de plástico descartável que utilizarem durante a campanha de arrecadação de fundos. Manterei todos atualizados sobre este novo desafio!


Agora, seguindo uma pista de uma amiga no Facebook, disponibilizo um vídeo sobre o lixo que a gente joga no mar e que chega até as profundezas dos oceanos. O vídeo divulga um artigo publicado pelo pessoal do Monterey Bay Aquarium Research Institute, a ser publicado no Deep Sea Research (o artigo é de acesso aberto). Os caras analisaram 18.000 horas de vídeos obtidos por ROVs e registraram muito plástico. Depois que o lixo chega lá, há pouco o que fazer. E o melhor jeito de evitar é reduzindo o consumo, reciclando e reutilizando tudo. Estou cada vez mais convencido que a nossa produção de lixo é absurda.

Lembrei que outro dia fiquei a me perguntar o que acontecia com o plástico nos oceanos. Bom, um parte dele certamente afunda. Aparentemente esses plásticos ganham densidade ao serem incrustados pelos seres marinhos. Tomara que a indústria não tenha a brilhante idéia de adicionar um pouco de substâncias antiincrustantes no plástico.

Dia 8

Plastico descartável utilizado: 4
Sacolas plásticas recusadas: 3

Caraca, é difícil manter um diário! Quando vejo, já é outro dia e eu quase esqueci do post por aqui.




Bom, hoje fiquei sabendo que duas amigas começaram a arrecadar fundos para participar de um evento de conscientização e apoio à pesquisa sobre o câncer de mama. Parece que elas precisam arrecadar US$1.000,00 cada até o começo de setembro.

Uma delas me contou que elas estão pensando em várias ações para arrecadar a grana. Então resolvi propor um acordo: contribuo com US$1,00 por dia até o prazo final se as ações promovidas por elas forem livres de plástico descartável. Acho que são duas causas que podem caminhar juntas, principalmente se lembrarmos de todos os contaminantes que os plásticos trazem para a nossa vida.

Se você quiser contribuir com a causa delas, manda a grana que estará em boas mãos!

Será que rola?


domingo, 7 de julho de 2013

Dia 7

Plástico descartável utilizado: 4
Sacolas plásticas recusadas: 3

Domingão beeem devagar. Ontem teve um churrasco na casa de um amigo. Muito plástico descartado. Poderia ser melhor. Achei legal que várias pessoas vieram conversar comigo sobre o problema dos plásticos. Infelizmente ainda não consegui convencer ninguém a entrar no desafio, mas percebo que alguns já param pra pensar sobre o próprio consumo. Olham pra minha cara com certa culpa. Ou arrependimento. Não sei.

Será que eu tenho que contabilizar alguns dos plásticos do churrasco? Aiai...

sábado, 6 de julho de 2013

Dia 6: Oh, Nana G's...

Plástico descartável utilizado: 4
Sacolas plásticas recusadas: 3

Amigos, hoje senti o peso de um derrota na luta contra os plásticos descartáveis. Primeiro, fui às compras à procura de grãos a granel. Não obtive sucesso, mas estava despreparado. Na feira, tinha pão, frutas, verduras, legumes e massa caseira embrulhada em papel, mas tudo isso eu já tinha comprado ontem. Depois tentei um tal de The Fresh Market. Tudo bem legal, orgânico, muita coisa produzida localmente e muita coisa a granel. Entretanto, só disponibilizavam saquinhos de plástico. Procurei pelos sacos de papel na loja, sem sucesso. Acho que vou ter que comprar aqueles saquinhos de pano com urgência!


Mas a derrota veio mesmo na hora do almoço. Fui ao Atlanta Food Truck Park e, claro, já pensava na quantidade de plásticos descartáveis por todos os lados. Aqui, preciso fazer um parênteses para contextualizar este drama.


Frango frito e waffles é uma combinação muito tradicional no sul dos EUA. Um dos maiores expoentes dessa especialidade é um restaurante chamado Gladys Knight's Chicken and Waffles, de propriedade da cantora Gladys Knight.

O americano que mora comigo provou, certa vez, um frango com waffles que, segundo ele, foi o melhor da vida dele, no Food Truck Park, em um caminhão chamado Nana G's. O frango parece ter uma receita secreta e é servido sobre um waffle que leva bacon na massa. Tudo é coberto com um pouco de xarope de maple.

Depois que ele me contou essa história, fiquei curioso e sempre quis experimentar. O problema é que o pessoal do Nana G's atende muitos eventos particulares e quase nunca aparece no Food Truck Park. Já estive lá umas 4 ou 5 vezes procurando por eles, e nada. Hoje, eles estavam lá.

Aí aconteceu algo como na história da Guinness. Não pensei duas vezes e fiz o meu pedido. Um senhor, ao meu lado, pediu uma porção de biscoitos Oreo fritos que eu não tive coragem de experimentar. Cheiro de bacon, pimenta e maple no ar. Quando meu pedido ficou pronto, o mesmo senhor olhava maravilhado para o meu prato, com o frango, os waffles e um garfo de plástico descartável. Aparentemente é a coisa mais normal do mundo.

Realmente, o frango com waffles é o melhor que eu já provei em 5 anos de EUA. Melhor, inclusive, que o da Gladys. Trouxe o garfo de plástico pra casa e coloquei junto com os outros descartáveis. Preciso prestar mais atenção, perguntar sobre os plásticos sempre e carregar talheres de verdade na mochila para casos como este...

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Dia 5: Compras no supermercado de sempre

Plástico descartável utilizado: 3*
Sacolas plásticas recusadas: 3*

Finalmente reuni forças para ir às compras. A sacola de congresso da American Meteorological Society é ótima para carregar tudo. No fim, a menina do caixa não ofereceu nenhuma sacola plástica, mas a minha estimativa de sacolas recusadas é de 3 ou 4. Ficarei em 3 para não abusar, apesar do super adorar o uso excessivo das sacolas.


Sabe quanto custa a dúzia de ovos em caixa de papel? US$3.69!

Meu recibo diz que eu economizei US$5.35 de um total de US$36.25. A economia em detalhes [preço pago] (economia):

Pasta de tomate seco [US$2.00] (- US$1.99)
Pães para assar (embaladas em papelão com tapa de metal) [US$1.50] (- US$0.50)
Molho de tomate [US$1.30] (- US$1.29)
Abobrinha [US$1.49/lb] (- US$0.26)
Pêssego [US$0.99/lb] (- US$0.45)
Nectarinas [US$1.99/lb] (- US$0.86)

Amanhã devo ir às compras em outro lugar, onde vendem tudo a granel.

* Números indicam quantidades acumuladas.

Plásticos pré-desafio

O começo do desafio é complicado. Se não houve uma preparação, os descartáveis começam a fazer pilha no cesto. A foto mostra os plásticos que herdei de compras passadas. Ainda não é tudo, porque tenho um saco de queijo e um de granola.

Esses eu não vou contabilizar diariamente, mas vou deixar bem guardado pra servir como referência no dia primeiro de agosto. O acerto de contas. O juízo final!



quinta-feira, 4 de julho de 2013

Dia 4

Plástico descartável utilizado: 3
Sacolas plásticas recusadas: 0

Amigos, evitar plástico descartável é um exercício mental muito bom. Acredito que, com o tempo, aprendemos onde está o plástico e conseguimos evitá-lo cada vez mais. Novatos sóbrios caem em ciladas armadas por todos os lados. Imagine um novato bebum!


Pois bem... Hoje é feriado por aqui. Quatro de julho, independência dos EUA. Não fui trabalhar e nem fui fazer compras. Fiquei em casa coçando e vendo uns documentários. 

Na hora da janta, resolvi fazer uma pizza. Abri a geladeira e descobri dois latões de Guinness. Seria bom, não estivesse este blogueiro em um desafio contra os plásticos. Na hora da descoberta, não pensei em plásticos. Vi uma lata (mesmo sabendo que latas também levam um filme de plástico), peguei, abri e dei uma golada das grandes. 

Tá vendo aquela bolinha de plástico ao lado da lata? A Guinness coloca a bolinha dentro da lata pra fazer espuma quando a gente abre. Eu sabia disso. Já tomei Guinness em lata antes. Já abri uma lata antes, pra tirar a bolinha. Mas na hora que vi a gelada, deu um branco. 

Resultado: só tomei uma.

Oceanografia plástica 1

Aproveitando o feriado por aqui, achei por bem trazer algumas informações dos oceanos para o blog, já que um dos grandes problemas causado pelo consumo excessivo de plásticos é a poluição marinha.


Em março de 1972, uma dupla do Woods Hole Oceanographic Institution publicou um artigo na revista Science em que descreveram a presença de partículas plásticas no Atlântico Norte. Na época, havia em média 3500 partículas de plástico por quilômetro quadrado. A maior parte das partículas era arredondada, branca e com tamanho entre 0.25 e 0.5 centímetros de diâmetro. Os autores já previam o aumento da produção de plásticos e a consequente poluição dos oceanos e sugeriram que o aumento da concentração de PCBs em organismos marinhos poderia estar associado à presença de plástico. Dois anos depois, outros pesquisadores revelaram que a situação era bem parecida no Pacífico Norte.

Recentemente, um estudo publicado na Science mostrou que os pesquisadores não notaram um aumento na quantidade de plásticos no Atlântico Norte entre 1986 e 2008, mesmo que a quantidade de plástico descartado nos EUA tenha aumentado 4  vezes entre 1980 e 2008.

O que acontece com o plástico nos oceanos? Pra responder essa pergunta, vou ter que estudar mais...

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Dia 3: Enganado pelo copo de "papel"

Plástico descartável utilizado: 2
Sacolas plásticas recusadas: 0


Este blogueiro acreditou que estava abafando com seu consumo zero de plásticos descartáveis. Só que não! Fui enganado pelo copo de "papel". Então decidi colocar na conta de hoje os dois copos que utilizei nos dias 1 e 2 deste desafio.

Baita burrice! Deveria ter suspeitado que um copo de papel não poderia segurar líquidos por muito tempo. Em conversa com uma amiga durante o almoço, fui questionado se tinha certeza que o copo não continha plástico. Não havia certeza alguma. Fui procurar a informação e, obviamente, o copo de papel que eu estava utilizando é banhado por uma camada fina de polietileno. Dizem que alguns são tratados com cera. Não os meus, fabricados pela Dixie.

Reza o Wikipédia que os primeiros copos de papel descartáveis foram criados por pessoas preocupadas com a disseminação de germes causada pelo compartilhamento de copos de vidro (o pessoal gosta de beijar na boca, mas não pode compartilhar um copo). Na mesma página, dizem que o papel não segurava o líquido por muito tempo, por razões óbvias, e que a primeira alternativa foi impermeabilizar a parte de dentro dos copos com argila. O problema é que a argila alterava o aroma das bebidas quentes e não era aplicada na parte de fora do copo. Assim, quando o copo era utilizado com bebidas frias, ocorria condensação por fora, destruindo o copo. A saída da indústria foi aplicar plástico e propagandear bastante. Será que os inventores dessa maravilha, se vivos e igualmente preocupados com a saúde pública, não trocariam o plástico pelos germes?

Por fim, o número de sacolas recusadas, inserido abaixo dos plásticos utilizados, foi uma sugestão da Júlia Reisser, plasticariana mais experiente que quer saber quantas sacolas serão evitadas durante este mês. Até agora não me ofereceram nenhuma e também não pedi nenhuma. Sacola de plástico não me engana!

Limpando a mesa


Minha mesa na Georgia Tech, cheia de plástico descartável. Limparei e organizarei tudo. Juntarei os plásticos descartáveis para comparar com o consumo deste mês. Dureza...


Meus plásticos, depois da limpeza. Tem uns plásticos ali na primeira foto que não eram meus!

terça-feira, 2 de julho de 2013

Dia 2

Plástico descartável utilizado: 0

Desisti de ir às compras e o desafio continuou tranquilo. Talvez eu espere até o fim de semana pra tentar visitar o Whole Foods, o Farmer's Market e a feira do Piedmont Park. Não se preocupe! Ainda tenho alguma comida em casa e os dois que moram aqui comigo foram viajar. Posso pegar uma comida emprestada (?!?) até eles voltarem e acho que vai valer a pena no fim, com a redução das embalagens plásticas. Mesmo assim, ainda haverá um resto plástico até o fim da semana. Espero que não seja muito e, se for, talvez terei que continuar o desafio em agosto para saber o quanto consigo reduzir.

Por enquanto, tenho dois pacotes de massa em caixas de papel, mas que tem uma janelinha de plástico transparente pra gente ver a massa lá dentro. Tenho um vidro de molho de tomate, que tem um pouco de plástico na tampa, mas posso reutilizar o vidro depois. Aliás, em um vidro de picles reutilizado, tenho uns tomates secos nadando em azeite de oliva. Tenho cogumelos e sardinha enlatados. Reza a lenda que até as latas levam uma aplicação de plástico antes de guardar a comida. Só que agora já comprei...

Ainda tenho pão e queijo, granola, leite e suco de laranja (tudo bem embaladinho em bastante plástico). Tô começando a achar que deveria ter planejado melhor esse desafio...



O que anda me salvando é o almoço na universidade. Até a semana passada, meu almoço número um era no Zaya, que aparece na foto. O problema é que eles só servem comida em uma caixa de plástico, mesmo que seja para consumo no local. A praça de alimentação da Georgia Tech tem várias outras opções (8 ou 9, contando com o Zaya). Apenas duas oferecem a possibilidade de utilizar um prato de verdade e disponibilizam talheres de metal. Os dois restaurantes são administrados pelo Dinning Services da universidade.

Canudinho, sacola, garrafa e tampa de copo, o top 4 do desafio Plastic Free July, são bem fáceis de eliminar. Ir além já exige um pouco da massa cinzenta, o que é bom.

Driblando o plástico da janta

Este blogueiro esqueceu de mencionar como driblou os plásticos na janta depois do futebol. Ontem teve jogo do meu time no Atlanta Sports & Social Club e cheguei em casa mais tarde que de costume, lá pelas 9 da noite. Perdemos por 3 a 1 (gol meu!), mesmo jogando o tempo inteiro com um jogador a mais e, no fim, o melhor jogador adversário levou cartão vermelho por reclamação. Passamos vários minutos com 2 a mais em campo e mesmo assim não conseguimos empatar...

Voltando ao assunto, quando cheguei em casa, abri a geladeira e não vi nada. Pensei em pedir alguma coisa. Fui ao computador, abri o site, comecei a procurar alguma coisa apetitosa, sempre gordurosa e bem salgada. Ao mesmo tempo, abri o Facebook e lembrei do desafio.

Normalmente, a comida que a gente pede para entregarem em casa é completamente empacotada em plásticos. O GrubHub tem uma opção, durante o pedido, que pergunta se precisamos dos talheres de plástico. Sempre assinalei que não, mas os restaurantes sempre mandaram o máximo de plástico possível: garfo, colher e faca embalados, claro, em plástico. Sachês de shoyu, ketchup, mostarda, maionese. Sem falar no biscoitinho da sorte que o restaurante chinês manda, que também é embalado em plástico.

Em casa, ainda tem pão, queijo e tomate. O pão e o queijo, em sacos de plástico. Uma mostarda ótima, com aquele gosto de krem, também estava lá na geladeira, em sua garrafinha plástica importada. Enfim, achei melhor fazer um sanduíche, já que o plástico descartável já estava comprado e prestes a ir pro lixo. Melhor que trazer mais pra casa, pensei.

Perdi na bola, mas fui dormir com a sensação de vencer o plástico descartável no primeiro dia do desafio. Além do mais, acho que farei um regime forçado.

Dia 1

Plástico descartável utilizado: 0

Por enquanto foi fácil, mas surgiram algumas questões de ordem.

A primeira: tenho algumas coisas em embalagens plásticas na geladeira que comprei antes de aceitar o desafio. Vale, Arnaldo?

A segunda: tenho plástico descartável em casa e na minha mesa na universidade. Vale, Arnaldo?

Vou considerar que o plástico na geladeira vale, porque se tiver que jogar fora será por ter consumido o que estava embalado. O que já havia sido consumido será considerado pré-desafio e vai pra lixeira dos recicláveis.

Amanhã vou ao supermercado e acho que o desafio vai pegar.