Porque você faria algo que usará por alguns minutos de um material que basicamente vai durar pra sempre? - Jeb Berrier, Bag It.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Dia 10: A vingança da natureza


Plásticos descartáveis utilizados: 4
Sacolas plásticas recusadas: 4


Foto: T. Mincer/G. Proskurowski

Os amantes do mundo náutico devem lembrar do livro de Sir Robin Knox-Johnston que relata a solitária e inédita viagem de volta ao mundo sem paradas do autor durante a Sunday Times Golden Globe Race de 1968. Sir Knox-Johnston zarpou da cidade inglesa de Falmouth em 14 de junho de 1968 à bordo do veleiro Suhaili e retornou 312 dias depois. O livro recebeu o título de "Um Mundo Só Meu" (A World of My Own).

Lembrei do livro depois de ler uma notícia no site da revista Nature sobre bactérias que digerem plástico nos oceanos. A foto, retirada do website da matéria, mostra as bactérias instaladas em uma sacola plástica coletada em um dos nossos lixões de alto mar. Bactérias que digerem plástico são encontradas em aterros sanitários, mas parece que o registro desses vibriões digerindo plástico nos oceanos é recente. 

O leitor deve estar pensando o que as bactérias que digerem plástico têm a ver com um livro sobre aventuras náuticas. É que uma das pesquisadoras disse que existem outros organismos vivendo no plástico marinho, chamando a atenção para "um pequeno mundo que nós criamos": a platisfera. A frase remeteu-me ao "mundo" flutuante de Sir Knox-Johnston. Se uma pessoa consegue se sentir tão à vontade boiando sobre a água salgada, as bactérias não seriam exceção. Pior que ele (ou melhor) foi outro competidor da mesma regata, um francês chamado Bernard Moitessier, que desistiu da corrida para continuar navegando ao redor do mundo uma segunda vez.

O único problema é que os pesquisadores ainda não sabem se essa degradação dos plásticos por bactérias tem apenas aspectos positivos. É possível que as bactérias estejam introduzindo uma série de contaminantes presentes nos plásticos na cadeia trófica. Alguns desses contaminantes são acumulados ao longo das cadeias de maneira similar ao que acontece com os metais pesados e aquele plástico descartável que jogamos "fora" pode voltar a nos assombrar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário